O 1º de Maio e a batalha de Lúcio Flávio Pinto

O jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto atua profissionalmente há 46 anos. Começou muito jovem, aos 16. Em setembro próximo, seu premiado Jornal Pessoal completará 25 anos. Desde 1992, por causa dessa publicação alternativa, que não aceita anúncios,  o jornalista é alvo de mais de 30 ações judiciais movidas por empresários, políticos, funcionários públicos e magistrados.

Lúcio perde boa parte de seu tempo útil a defender-se desses processos, cuja movimentação nas tramas da justiça chega às raias da bizarrice, como os leitores deste blog já puderam atestar. A sucessão de postagens feitas dá conta dessa realidade – e quem ainda não teve a oportunidade de vê-los, os textos estão disponíveis nos arquivos.

Lúcio poderia, e deveria, em nome do bom jornalismo e em benefício dos leitores, despender sua melhor energia e inteligência na apuração de notícias, na elaboração de artigos e na edição de seu jornal. Ou brindar a plateia com maior participação em palestras e encontros acadêmicos, por exemplo. Poderia travar o bom combate com seus contendedores, se esses canalizassem seu potencial crítico para exercer o direito de resposta, promovendo a interlocução igualmente inteligente e democrática. Mas, ao contrário, vão direto à justiça, mesmo que não contestem as informações veiculadas. Mesmo que, depois, verifique-se que o crime não se configurou.

Hoje, no Dia do Trabalhador, convidamos os leitores a deter atenção na postagem que antecede este texto. A Nota ao Público divulgada hoje pelo jornalista, por ocasião de novas decisões judiciais desfavoráveis às suas defesas, é eloquente das estranhezas da democracia neste país. Há algo de enigmático quando um profissional do porte de Lúcio Flávio Pinto, tantas vezes ganhador dos prêmios Esso e Fenaj de jornalismo, e de premiações internacionais importantes, passa o 1º de Maio trabalhando não propriamente na produção de futuros artigos para os leitores, mas na pesquisa e redação de peças judiciais que garantam sua defesa e liberdade naquilo que é a razão de ser de seu trabalho: o exercício do direito à informação pública.

Moderação do Blog Todos com Lúcio Flávio Pinto

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